O programa “Fantástico” revelou, através de um estudo exclusivo, informações alarmantes sobre vinte empresas brasileiras sob investigação por operarem como pirâmides financeiras.
Nos últimos seis anos, estimativas apontam que aproximadamente 2,7 milhões de investidores foram lesados, com uma movimentação financeira somando quase R$ 100 bilhões. Os fraudadores têm explorado o desconhecimento do público acerca de criptomoedas, valendo-se do mistério que envolve tais ativos para atrair investidores incautos. As promessas de elevados retornos financeiros tornaram-se iscas perfeitas, seduzindo milhões através de uma série de garantias falaciosas.
O crescimento destes esquemas fraudulentos é alarmante, mesmo com a implementação de diversas operações policiais. O “Fantástico” dialogou com investigadores, especialistas em crimes financeiros e representantes do Ministério Público Federal, apresentando um quadro preocupante do número de vítimas e do volume financeiro movimentado por estes esquemas desde 2017.
As vítimas da Braiscompany, entre elas o campeão mundial de boxe Acelino Popó e Dona Maria, relatam suas experiências e as grandes perdas financeiras que sofreram. As buscas pelos responsáveis, como Antonio Neto e Renan Bastos, revelam estilos de vida luxuosos sustentados pelos fundos ilícitos, enquanto vítimas amargam prejuízos e buscam justiça.
Dentre as empresas investigadas, a Trust Investing destaca-se pelo número de vítimas, ultrapassando 1 milhão de pessoas em 80 países, com prejuízos somados de R$ 4,1 bilhões. Patrick Abrahão, representante da empresa, nega ser um dos proprietários, enquanto vítimas e investigações apresentam evidências contrárias.
A GAS Consultoria Bitcoin, outra entidade sob investigação, movimentou cerca de R$ 38 bilhões, ganhando notoriedade pelas vastas quantias movimentadas e pelas alegações criminais contra seu proprietário, Glaidson dos Santos, envolvendo não só esquemas fraudulentos, mas também crimes violentos.
A Câmara dos Deputados instaurou uma CPI para investigar estas pirâmides financeiras, conduzida pelo deputado Aureo Ribeiro. Descobertas preliminares indicam uma necessidade urgente de atualizações legislativas para coibir e punir tais atividades fraudulentas envolvendo criptoativos. Até o momento, esforços para recuperação dos fundos perdidos têm se mostrado infrutíferos, e a regulamentação do mercado de criptomoedas no Brasil permanece em aberto.
O Fantástico procurou diálogo com autoridades e especialistas na tentativa de compreender os procedimentos em curso para resolver tal crise. Advogados e representantes das vítimas clamam por atenção redobrada às operações dos fraudadores, que se adaptam constantemente para perpetuar seus esquemas ilícitos.
Este levantamento e as consequentes investigações lançam luz sobre a urgência de medidas mais robustas para enfrentar os desafios impostos por este novo tipo de crime financeiro e proteger investidores da atração fatal das falsas promessas de riqueza rápida e fácil no mundo volátil das criptomoedas.
Ranking criminoso
No ranking criminoso, elaborado pelo Fantástico com informações oficiais, a empresa que deixou o maior rastro de vítimas foi a Trust Investing.
- 1 milhão e 300 mil pessoas, não só no Brasil, mas em 80 países
- Prejuízo acumulado das vítimas só desta pirâmide passa dos R$ 4,1 bilhões
Patrick Abrahão se apresentava como líder da empresa, mas nega ser um dos donos.
“Eles alegam que eu sou sócio da Trust. Todo mundo que me acompanha sabe que eu nunca fui sócio, eu sempre fui um investidor”, diz.
Ele foi preso em outubro de 2022 e solto no mês passado. As vítimas da Trust não recuperaram nenhum centavo ainda.
“A atuação do Patrick era direta. O Patrick recebia dinheiro em conta pessoal dele dos investidores. A Polícia Federal não tem outro entendimento que a que a participação total do Patrick até porque foi denunciado também existe outros elementos de prova como quebra de sigilo bancário e fiscal em cima dele”, diz Marcelo Mascarenhas, delegado da Polícia Federal.
Na lista das empresas consideradas pirâmides financeiras, a que movimentou mais dinheiro foi a GAS.
- Foram R$ 38 bilhões
- Volume movimentado é tão grande que o dono ficou conhecido como o faraó dos bitcoins.
Glaidson dos Santos está preso, mas não apenas por crimes financeiros. Ele responde na Justiça pelo assassinato do investidor em criptomoeda e influenciador digital Wesley Pessano, de 19 anos.
O Ministério Público Estadual do Rio diz que o crime foi uma forma de eliminar concorrentes. Glaidson também acusado de mandar matar Patrick Abrahão, da Trust Investing.
Nas investigações a que o site teve acesso, a Polícia Federal encontrou conversas onde Glaidson planejava matar o concorrente.