Amélia de Castro Alves, uma dona de casa e ativista da defesa animal de 52 anos, ficou chocada ao descobrir que, embora esteja desempregada desde maio de 2021, seu nome consta como funcionária no gabinete da prefeita Magdala Furtado, com um salário de R$ 1.267,07.
Apesar de nunca ter tido qualquer relação de trabalho com a prefeitura e de não ter recebido o salário referente aos seis meses de suposto contrato, de agosto do ano passado a janeiro deste ano, que totaliza pouco mais de R$ 7 mil, Amélia viu a renda de sua família ser reduzida pela metade devido a essa nomeação.
Sofrendo de câncer e abrigando em casa 38 cães resgatados das ruas de Cabo Frio, vítimas de maus-tratos e abandono, Amélia jamais teve um encontro com a prefeita Magdala no gabinete da prefeitura, onde supostamente ocuparia o cargo de Assistente Administrativa.
Apesar de ter ido ao departamento de Recursos Humanos da prefeitura em busca de explicações, Amélia não entregou documentos pessoais nem assinou qualquer papel para ninguém. Os funcionários do setor ficaram surpresos com o caso, mas não conseguiram explicar como o nome dela apareceu como contratada e quem recebeu os salários em seu nome durante seis meses.
Amélia está determinada a levar o caso ao Ministério Público na esperança de descobrir quem recebeu o salário da prefeitura em seu nome. Ela mostra o extrato bancário com diversos depósitos de amigos e apoiadores da causa animal, mas nenhum se aproxima do valor do salário na prefeitura.
Enfrentando dificuldades financeiras, com a redução do auxílio do marido para R$ 300 e seus bicos como pedreiro para aumentar a renda da família e manter o abrigo de cães, Amélia lembra que, em 2018, gastou R$ 18 mil com alimentação e tratamento de saúde dos cachorros, graças a rifas e doações de amigos.
Ela mostra fotos e vídeos dos cães que cuida e conta a história de abuso, violência e abandono que levou cada um deles até sua casa no Parque Eldorado. O tratamento do câncer consiste em sessões com um psicólogo no Hospital do Jardim Esperança, que também estão ajudando a superar uma síndrome do pânico adquirida após a pandemia.
