Homem teria acelerado propositalmente contra o animal após alertas de outros navegadores. Vídeo do incidente viralizou e revoltou internautas. Caso é tratado como crime ambiental
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) confirmou, nesta segunda-feira (7), que está investigando, em conjunto com a Marinha do Brasil e a Polícia Federal, um grave incidente ambiental ocorrido em Arraial do Cabo. O caso envolve um condutor de embarcação acusado de atingir intencionalmente uma baleia jubarte em alto-mar na manhã de domingo (6), durante a temporada de avistamento dos animais.
A denúncia, feita por testemunhas que presenciaram e filmaram a cena, ganhou grande repercussão nas redes sociais e foi noticiada por diversos portais de notícias locais. Segundo os relatos, o homem teria sido alertado por outros navegadores sobre a proximidade da baleia, mas, mesmo assim, acelerou na direção do animal. Ao ser confrontado, ele respondeu: “Não enxergo debaixo d’água” — uma justificativa que gerou ainda mais revolta entre internautas e ambientalistas.
Em nota oficial, o ICMBio informou que a equipe de fiscalização da Reserva Extrativista Marinha (Resex) de Arraial do Cabo está à frente da apuração, com apoio da Polícia Federal. O responsável pela embarcação será autuado e responderá por crime ambiental, conforme previsto na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998).
Apesar do choque causado pelas imagens, ainda não há confirmação de que a baleia tenha sofrido ferimentos. A Fundação de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia (FUNTEC Ambiental), que coordena o Projeto Mar de Baleias em parceria com o ICMBio, afirmou que, até o momento, não houve registro de encalhe, sangramento ou morte do animal.
O Projeto Mar de Baleias realiza desde 2023 um trabalho contínuo de conscientização com condutores de embarcações turísticas em Arraial do Cabo. A iniciativa é composta por pescadores, moradores, ambientalistas e pilotos de drones, que monitoram a presença de baleias e golfinhos na região, além de promoverem cursos e ações educativas para evitar incidentes como o do último domingo.
O ICMBio também reforçou que mantém presença ativa no mar com equipes que orientam navegadores quanto às normas de conduta durante a temporada de avistamento de cetáceos, que vai de junho a outubro. Entre as regras estão: não perseguir os animais, manter distância mínima de 100 metros e jamais cruzar a frente de deslocamento deles.
Uma nova operação conjunta entre órgãos ambientais e forças de segurança deve ser realizada nos próximos dias com foco em fiscalização e orientação. O objetivo é coibir práticas criminosas e reforçar o compromisso com a preservação da vida marinha nas Unidades de Conservação da região, que são referência nacional em biodiversidade.





